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18. VOCÊ ERA ATEU OU AGNÓSTICO E A EXPERIÊNCIA COM OS ESPÍRITOS LHE MOSTROU QUE DEUS EXISTE. E AGORA?

Uma parte dos leitores desta obra se encontrará, com certeza, nesta situação: você era uma pessoa ateia, experimentou a violência dos seres espirituais negativos e depois a ajuda do Senhor, e agora quer aprender mais sobre a vida espiritual.

 

A partir de aqui, podem ser seguidos dois caminhos:

 

 

18.1. Entrar em um grupo religioso da sua escolha

 

Neste caso, seguem algumas sugestões para que a experiência seja realmente edificante:

 

a) Pesquisar sobre as origens do grupo religioso: seus fundadores, suas crenças básicas, conhecer sua história oficial e pesquisar também se existe algum tipo de história oculta por trás dela, se o grupo foi qualificado como seita etc. Por exemplo, existem grupos religiosos que oficialmente se autodenominam cristãos, mas são governados secretamente por pessoas vinculadas ao ocultismo e cuja tarefa real é justamente apartar as pessoas de um processo de crescimento espiritual genuíno de conexão com Deus.

 

Nada mais simples para pesquisar estes assuntos do que começar fazendo buscas pela internet, do tipo “Nome do grupo religioso + paganismo, ocultismo, origem secreta, lado escuro de, origem oculta, história secreta…”. A partir daqui, se for encontrada informação a respeito, será recomendável descobrir quem são os melhores pesquisadores dedicados a desmascará-lo. Na internet há muita informação falsa ou simplesmente de má qualidade, é claro, mas também há sempre autores de referência com investigações sérias e bem fundamentadas.

 

Além disso, sugere-se a comparação de diversas fontes. Por exemplo, poderemos encontrar livros de experts que escrevem contra o grupo, de experts que escrevem a favor dele (mas que revelam claramente o seu funcionamento interno), comentários de antigos membros etc.

 

Observação: Um bom pesquisador justificará as informações oferecidas sobre o assunto baseando-se em aspectos como documentação fiável, um número expressivo de testemunhas, boa bibliografia, argumentos coerentes e a busca pela maior objetividade possível.

 

b) Uma vez incorporados ao grupo, ir observando como nos adaptamos à sua estrutura social e como evolui o processo de aprendizado espiritual, assim como o desenvolvimento da fé.

 

Se depois de um tempo percebermos que a experiência é muito mais negativa do que positiva (as práticas do grupo são torturantes, estão debilitando nossa fé, estão tirando nossa alegria, a vitalidade etc.), será necessário ver por que isso está acontecendo. A regra fundamental a considerar seria a seguinte: A prática religiosa em que estivermos inseridos tem que nos dar vida.

 

c) Alguns dos mecanismos básicos que os grupos destrutivos utilizam para obter domínio sobre as pessoas:

 

- Estimular o medo e a culpa.

 

- Práticas severas de enfraquecimento físico e psicológico.

 

- Exigência de obediência cega.

 

- A ideia de que se trata de um grupo de escolhidos e que uma vida plena ou o desenvolvimento espiritual não são possíveis fora do grupo.

 

- Da parte dos seus representantes: o uso de técnicas retóricas dirigidas a excitar as emoções de modo que se debilite o raciocínio e o sentido crítico.

 

- Etc.

 

 

18.2. Cultivar um relacionamento com Deus e o conhecimento das coisas do Espírito sem vincular-se a grupos religiosos

 

É possível uma pessoa ter uma boa conexão com Deus e com a vida, em um processo positivo de aprendizado espiritual, com fé, com amor e sem estar em um grupo religioso? A resposta é um categórico sim.

 

O fato de estar em um grupo religioso é positivo para muitas pessoas, mas existem outras que simplesmente não se sentem à vontade com a adoção das formas de vida que isso significa. 

 

Com relação a isto, o autor desta obra apenas terá alguma coisa a dizer para quem queira cultivar a vida espiritual desde uma perspectiva cristã e é o seguinte: o mínimo a ser feito para ter uma espiritualidade com o máximo de liberdade de ação possível é incorporar em sua vida o que considere adequado deste livro (para aquilo que tem a ver com a proteção espiritual) e depois ir conhecendo a Bíblia, que é o veículo fundamental pelo qual Deus fala aos cristãos. Depois, ao interpretá-la, bem pode ser aplicada a frase de São Paulo: “Examinai tudo e retende aquilo que for bom” (Tessalonicenses 5:21). Nem sequer o próprio Cristo impunha nada a ninguém, pois na hora de dirigir-se às pessoas começava seus discursos com a frase “Quem quiser escutar, que escute”.

 

Para aqueles que não a conheçam e tenham algum tipo de opinião prévia negativa com relação a ela, gostaria de dizer o seguinte:

 

A Bíblia é um dos textos mais ricos e complexos já escritos, é pragmática e poética, a sua interpretação deve de ser literal às vezes e outras metafórica e oferece um retrato extraordinário do ser humano, de Deus e das relações entre ambos. Isto supõe várias implicações importantes: a primeira delas é que por ser um texto tão cheio de matizes e de ideias que às vezes são opostas pode ser, sim, utilizado como uma temível ferramenta de escravidão (quando utilizada pelos “lobos em pele de cordeiro”, pelos “falsos profetas”), assim como um dos maiores instrumentos da liberdade humana (quando é utilizado por um “bom pastor” ou por pessoas que, simplesmente, têm um desejo genuíno de estar conectadas com a vida e com o Espírito).

 

Nela poderemos ler São Paulo com sua defesa do celibato (Coríntios, 7) e também o Cântico dos cânticos, que é um dos cumes da literatura amorosa de todos os tempos. Em Nero encontraremos o déspota, o igualitarismo social mais puro na oração do Magnificat de Maria, um Deus severo no Yahweh do Antigo Testamento (às vezes…) e o ser de compaixão por excelência que é Jesus Cristo.

 

Outro aspecto importante a ser considerado é que há nela ideias que são universais e outras que fizeram sentido apenas no contexto da sociedade e época em que foram escritas. Por isso, uma sugestão que pode ser dada desde aqui é lê-la com olhos de época. Por exemplo, existem determinadas normas de convivência entre homens e mulheres próprias da sociedade israelense da época do Antigo Testamento que hoje não fariam sentido algum em nossa sociedade ocidental contemporânea.

 

Por que esta complexidade? Por que o texto bíblico não pode ser um simples listado de preceitos sobre o que dever ser feito e não nesta vida? Porque Deus, em virtude do seu amor, quer que exercitemos nosso livre arbítrio. Desse modo, seu livro nos exige exercitar a reflexão, a autonomia mental e emocional, pois o caminho de evolução da alma é um caminho de coparticipação com o Senhor, isto é, que recebemos sua ajuda, mas também quer que caminhemos com nossas próprias pernas. Este é um caminho no qual poderemos ter que realizar lutas terríveis, pois a batalha nos dá inteireza e Ele não nos quer escravizados e fracos, nos quer fortes, livres, criadores e amorosos.

 

Este mundo nos submete com frequência a perturbações que nos desequilibram e nos desviam da saúde, tanto física como espiritual e a Bíblia funciona também como uma “casa edificada sobre a rocha”, de modo que quando vem a enchente (leia-se, as tensões às quais o mundo no submete) preserva a nossa alma de perder-se.

 

E em definitiva, à medida que a conhecemos vamos descobrindo que se trata de uma fonte de fé, sabedoria, amor, força e esperança inesgotáveis.

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